sábado, 28 de agosto de 2010

Graças logo ao engano e não ao amor.

Quatro ignorâncias podem ocorrer em um amante, que diminuam muito a perfeição e merecimento de seu amor: Ou porque não se conhecesse a si; ou porque não conhecesse a quem amava; ou porque não conhecesse o amor; ou porque não conhecesse o fim onde há de parar, amando.
... Serviu logo ao engano e não ao amor, porque serviu para quem não amava.
Os homens não amam aquilo que cuidam e amam. Por quê? Ou porque o que amam não é o que cuidam; ou porque amam o que verdadeiramente não há. Quem estima vidros, cuidando que são diamantes, diamantes estima e não vidros, quem ama defeitos, cuidando que são perfeições, perfeições ama e não defeitos. Logo os homens não amam o que cuidam que amam. Donde também se segue que amam o que verdadeiramente não há; porque amam as coisas, não como são, senão como as imaginam; e o que imagina, e não é, não há no mundo.

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