quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Xanéu nº 5

A minha tv não se conteve, atrevida passou a ter vida olhando pra mim
Assistindo a todos os meus segredos, minhas parcerias, dúvidas, medos, minha tv não obedece
Não quer mais passar novela, sonha um dia em ser janela e não quer mais ficar no ar
Não quer papo com a antena nem saber se vale a pena ver de novo tudo que já vi
A minha TV não se esquece nem do preço nem da prece que faço pra mesma funcionar, me disse que se rende a internet em suma não se submete a nada pra me informar
Não quis mais saber de festa não pensou em ser honesta funcionando quando precisei, a notícia que esperava consegui na madrugada num site, flick, blog, fotolog que acessei
A minha TV tá louca, me mandou calar a boca e não tirar a bunda do sofá, mas eu sou facinho de marré-de-sí, se a maré subir eu vou me levantar
Não quero saber se é a cabo nem se minha assinatura vai mudar tudo que aprendi, triste o fim do seriado, um bocado magoado sem saber o que será de mim
Ela não SAP quem eu sou, ela não fala a minha língua
Enquanto pessoas perguntam por que, outras pessoas perguntam por que não?
Até porque não acredito no que é dito, no que é visto. Acesso é poder e o poder é a informação. Qualquer palavra satisfaz a garota, o rapaz e a paz quem traz, tanto faz. O valor é temporário, o amor imaginário e a festa é um perjúrio, um minuto de silêncio é um minuto reservado de murmúrio, de anestesia.
O sistema é nervoso e te acalma com a programação do dia, com a narrativa. A vida ingrata de quem acha que é notícia, de quem acha que é momento, na tua tela querem ensinar a fazer comida uma nação que não tem ovo na panela que não tem gesto, quem tem medo assimila toda forma de expressão como protesto
Num passado remoto perdi meu controle...
Era vida em preto e branco, quase nunca colorida reprisando coisas que não fiz, finalmente se acabando feito longa, feito curta que termina com final feliz
Eu não sei se pay-per-view ou se quem viu tudo fui eu.
Fernando Anitelli - divo *-*

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