sábado, 4 de dezembro de 2010

Nosso Altar Particular

Há quem decore a vida na ponta da língua
Outros rabiscam o próximo passo na ponta do acaso
Aqui, nessa estação, onde um outono instrumental inspira a queda das palavras, minha força escorre poemas pelo cedro deste palco, assim como meus pés cravam a felicidade aos sonhos desses guris atrevidos que aqui brotarão virtuosos, aguerridos com seus estilingues de cordas vocais de nylon e de aço, apedrejando a covardia dos homens secretos a si
Fábula em partituras da Gata de Botas !
Maria e seus Joões cantam o caminho de volta para o íntimo
Hasteiam leves uma bandeira toda bordada de mocidade, doces rendas melódicas, ponto a ponto terras descobertas, a cada acorde um ensaio para acordar um moço jeito de existir
Sem a intenção de trocar de mundo, apenas unir quem não coube em sua acidez.
Inventamos aqui, nesse solo fértil, veraneio da arte, palco do palhaço "Rendez-vous", um baile de amigos em pleno velório do falecido monstro que cobria o horizonte de quem ama o que se pode ser.
Aqui jazz uma solidão ignorante.
Naufragam agora todas as farsas escreitas pelo cão.
Dionísio, arauto de tudo que se une fantasticamente, abre alas desse concerto para os desconcentrados se banharem.
A partir de hoje uma nau de solidão navegará aliviada dos apegos impossíveis, e uma nova geração desvendará a ilha daqueles que sonham antes de dormir.
Notas serão como uma leve pluma, lançadas ao vento com destino certo: afago no espírito, cócegas na alma, mimo na paz, inibir agonias, afrouxar todo o receio de ser desvaneiador.
Na rua do acalanto, primeiro peito franco à direita, casa de janelas sempre abertas e dispostas ao novo, jardim de lindas rosas de espinhos prósperos, varanda ao infinito, cor de legítimo coração,, em frente ao público dessa nossa solidão.
Ali na a pena dancará e nenhuma câimbra na felicidade, nem faíscas de isolamento nos fará desistir de estarmos "todos juntos".
Caio Sóh

{Texto extraído do DVD Multishow Ao Vivo Maria Gadú} *-*

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